Zemaria Pinto
As nuvens do fim de tarde
desenham
ícones no firmamento. Os
pombos
adejam sobre prédios e
automóveis.
O centro da cidade é uma
fratura,
uma explosão latente, uma
agonia,
prefiguradas na selvagem
selva
dos homens-árvores, dos
homens-pedras
amanhados em lavras de
betume.
Caminho errante pelas
ruas úmidas,
entre as ruínas do que um
dia fui,
catando sobras do que
tenho sido.
A noite faz-se em brilhos
e rangidos
furiosos, enquanto as
avenidas
escorrem lentamente de
meus olhos.