Mauri
Mrq
Ele
envelheceu no shopping. Sempre o via serelepe, realizado, sem aparentemente
demonstrar qualquer dissabor em sua existência. A suposta felicidade vinha em
doses diárias circulando em cada canto do centro de compras Amazonas Shopping.
Sua bebida preferida eram todas, de acordo com o gosto da companhia que dividia
a mesa ou mesmo para aplacar sua solidão, sendo sempre explorado: até CD
patrocinou para um pseudocompositor bicho-grilo baré.
O
tempo foi passando e Liano firme e forte na sua perambulação diária no
Shopping. O nome Liano, dado por sua mãe, foi em razão de querer ter tido uma
filha, mas quando varou para o mundo, não contou conversa, a tão desejada Lia
foi transformada em Liano.
Ter
conhecido um juiz quando era ajudante de serviços gerais, lhe abriu algumas
portas. O juiz utilizava o Foro do Tribunal de Justiça para sua prática
boiolística na conquista de jovens besouros, e, numa oportunidade dessas, Liano
se tornou um.
Liano
conquistou a confiança do Juiz que lhe comprou Diploma de Curso Superior numa
dessas Faculdades particulares de Manaus, para em seguida entrar pela janela no
Tribunal com promessa de efetivação, que veio com promoção.
Sempre
que me via quando ia ao Shopping, acenava, nada mais que isso. Mas, naquele dia
ele acenou me chamando, convidando para tomarmos um trago. A bebida chegou,
brindamos, de repente ficou mudo, vermelho; em seguida, caiu, batendo com a
cabeça na mesa ao lado, sua dentadura voando, sua boca murchando, o corpo roxo
no chão: um infarto fulminante.
Deduzi que ele morreu desse jeito na minha frente para que concluísse este conto da
vida dele no Shopping.