Amigos do Fingidor

terça-feira, 2 de maio de 2017

Quem protesta é intelectual



Pedro Lucas Lindoso


Em governos neoliberais, geralmente os trabalhadores não têm muito o que comemorar no dia 1º de Maio. Dia do Trabalhador. Pelo menos tivemos mais um generoso feriadão. A segunda-feira foi emendada com o fim de semana. Muito mais do que um feriado, a data tem por objetivo refletir sobre direitos adquiridos e cidadania.
Parece consenso, não só nos livros de História como no “Google”, que a origem e as manifestações começaram em 1886, em Chicago. Houve greve geral. Esses protestos ficaram conhecidos como a “Revolta de Haymarket”. Os trabalhadores reivindicavam a redução da carga horária de trabalho.
Minha professora de História Jael Reis nos ensinou que no século 19 o 1º de maio foi uma data bastante usada para manifestações operárias. Não só nos EUA, mas também na França e em outros países da Europa. O dia foi comemorado na Suécia pela primeira vez em 1890, com manifestações e desfiles. Nos Estados Unidos e Canadá, o Dia do Trabalho é conhecido como Labour Day e é celebrado na primeira segunda-feira do mês de setembro.
O fato é que a data tornou-se o Dia Internacional dos Trabalhadores, sendo feriado em numerosos países do mundo. Havia desfiles e grandes comemorações em Moscou, na extinta União Soviética. Por razões políticas óbvias não poderia haver essas comemorações nos Estados Unidos, que, como já dito, comemora-se o dia do Trabalho na primeira segunda-feira do mês de setembro. Na terça começa o ano letivo nas escolas americanas. Na Austrália, o dia de celebração varia de acordo com a região.
Para os brasileiros é o dia de celebrar a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1º de maio de 1943, por Getúlio Vargas. A CLT está incorporada à Constituição de 1988, mas parece que os ventos neoliberais querem acabar com a lei ou modificá-la significativamente,
O Brasil costumava comemorar o aumento do salário mínimo nesse dia. Mudaram a data. Muitos sindicatos fazem festa. Alguns sindicatos patronais colaboram.
Birobiro, presidente do Sindicato dos Picolezeiros do DF e Entorno, festeja a data com cervejada e churrascada. Há distribuição de brindes. Faz um grande bingo e sorteios de passagens para o Rio de Janeiro. De preferência, em meio a um grande show com cantor da hora. E viva o feriadão!
Birobiro, parafraseando Joãozinho Trinta, diz que companheiro trabalhador gosta é de festejar, quem gosta de protesto é intelectual.