Pedro Lucas Lindoso
Há alguns anos era
inimaginável que o filho de um queniano negro seria eleito presidente dos
Estados Unidos. E reeleito. Enquanto no Brasil um metalúrgico nordestino também,
surpreendentemente, foi eleito para presidir o país. Também reeleito.
Obama não pode mais ser
presidente. Como ex-presidente, goza de prestígio e reconhecimento. Está “numa
boa”. Não é caso de nosso metalúrgico. É candidato novamente, o que é proibido
constitucionalmente nos EUA. E ainda responde a acusações e processos. Não
está, como seu colega Barack Obama, “numa boa”.
É lamentável que nossas ainda frágeis
instituições democráticas não sejam fortes o suficiente para evitar graves desmandos
das máquinas partidárias. Assim como as práticas recorrentes de corrupção. Acusações
de malfeitos envolvem todos os partidos, independente do viés ideológico.
A população está descrente dos políticos. Isso
é triste e perigoso.
O povo do Amazonas está
sendo convocado para escolher, extemporaneamente, um novo governador. Em meio a
muita descrença, ouço que vários vão se abster ou votar em branco.
Sou contra o voto em branco
e a abstenção. O político exerce um mandato. O instrumento de um mandato é
sempre uma procuração. Ora, alguém exerce o mandato porque o povo escolheu. Se você
votou em branco eu entendo que você está abrindo mão de escolher seu
“mandante”. Você está dizendo, em outras palavras, “façam o que quiserem”.
Lula foi eleito convencendo
o povo a não ter medo de ser feliz. O
povo podia eleger um metalúrgico de esquerda. Obama foi eleito convencendo
o povo de que também podia. Sim você pode. “Yes,
you can.”
Eu acredito nisso. O Povo
pode. Só você pode mudar o Amazonas. É isso. Só você pode. Só exerce um mandato
quem tem uma outorga. Ou seja, um consentimento, uma concessão do povo. A
necessária e definitiva aprovação.
Por isso eu insisto: não
vote em branco. Nunca. Não dê cheque em branco. Jamais. Não assine papel em
branco. Só uma pessoa pode mudar nossa cidade, nosso estado e nosso país: você.
Você pode. Nós podemos.