Amigos do Fingidor

terça-feira, 11 de julho de 2017

Vovocidade ou avocidade?



Pedro Lucas Lindoso

Assim como existem as palavras paternidade e maternidade, deveria existir a palavra “vovocidade” ou “avocidade”. O exercício de ter netos. A qualidade de ser avós.
Reportagem recente de A Crítica fala de Renata, que não tinha sobrenome e nem documentos. Ganhou judicialmente esse direito à cidadania. Renata viveu até os dezoito anos numa instituição de acolhimento de crianças.  Sem nunca ter sido adotada, cresceu e se tonou adulta no orfanato, de onde saiu para a vida.
O sobrenome que adotou é uma homenagem a uma espécie de padrinho que tinha no orfanato. A Defensoria Pública argumentou em juízo que a ausência do sobrenome causava constrangimentos e impedia a prática de atos da vida civil.  A Vara de Registros Públicos atendeu ao pleito e foi incluído um sobrenome, mesmo que fictício, nos registros de Renata.
Está de parabéns a Defensoria, o Ministério Público e o Poder Judiciário. Renata, muito feliz, disse que vai entrar com ação para mudar o registro dos filhos e regularizar a situação do mais velho, que mora com ela, mas o pai é que tem a guarda do menino.
Pensei nessas crianças que nunca terão avós. Jamais saberão o que é “vovocidade”. Dia 26 de julho é comemorado o dia dos Avós, data promulgada pelo Papa Paulo VI em homenagem a Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria, mãe de Jesus. Apesar da referência católica, o dia entrou para o calendário laico, pelo menos, no Brasil.
Minha neta Maria Luísa tem avós maternos e paternos. Os quatro exercem com alegria, plenitude e muito amor essa função divina e maravilhosa da “vovocidade”. Não é preciso muito esforço para notar como a interação entre netos e avós é positiva. A convivência é muito benéfica para ambos.
Maria Luísa é uma privilegiada. Levá-la para passear e brincar não é uma obrigação ou uma forma de gastar a energia dela. Estar com a nossa netinha é uma oportunidade deliciosa de curtir e se divertir de verdade com ela.

É um grande contentamento o exercício da “vovocidade”. Ou seria “avocidade”?