Amigos do Fingidor

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

A medicina de Hipócrates


João Bosco Botelho


Hipócrates, segundo Sorano de Éfeso, nasceu na ilha de Cós, em 460 a.C., filho do médico Heráclides, aprendeu os segredos da prática médica com o pai e nas viagens a Tessália, Trácia, Líbia e Egito.
Esse período admirável da Medicina grega, do qual Hipócrates foi o mais importante representante, compreendeu cinco centros de cultura médica que receberam os respectivos nomes da cidade onde funcionaram: Cós, fundada por Hipócrates, em 440 a. C., Rhodes, Cnido, Crotona e Agrigento.
Devido à importância fundamental na história da Medicina, a Escola de Cós acabou absorvendo a denominação de medicina hipocrática em menção honrosa a Hipócrates. 
O sucesso da Escola Médica de Cós, deve-se ao fato de ter sido onde Hipócrates e seus seguidores estruturaram as bases da Medicina grega na busca da materialidade das moléstias. Nesse núcleo fervilhando de novas propostas para sair das práticas de curas fortemente atadas às crenças e ideias religiosas oriundas do Egito e da Mesopotâmia, tornou-se responsável pela primeira teoria laica para explicar a saúde e a doença – a teoria dos Quatro Humores –, publicada pelo genial Políbio, o genro de Hipócrates. A proposta foi tão consistente que se manteve em discussão até o final de século 18, entre os luminares da Medicina ocidental.
A medicina hipocrática pode ser compreendida por meio das obras publicadas pelos médicos da Escola de Cós responsáveis por dezenas de textos com atualidade até hoje, quando as práticas médicas iniciaram o processo de separação das crenças e ideias religiosas. A cura deixou de ser um atributo exclusivo dos deuses protetores ou vingadores para ser explicada pela Medicina, onde era possível e preferível que o homem agisse sobre o outro homem doente, para alcançar a melhoria da saúde.
A estrutura teórica da Medicina hipocrática está contida no pensamento filosófico grego pré-socrático, notadamente, na teoria dos Quatro Elementos de Empédocles (água, terra, ar e fogo). Posteriormente, foi incluído no mundo das ideias platônico-aristotélicas.
Dessa forma, é possível estabelecer o marco fundamental da medicina hipocrática: só é possível entender a saúde e a doença se o homem for estudado em conjunto com o ambiente onde vive.