Amigos do Fingidor

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

buritis silvestres


Zemaria Pinto


o meu primeiro poema
foi escrito sob a sombra
dos buritizais em flor

não tinha papel nem lápis
apenas as mãos nervosas
e a boca ressecada
buscando tuas mãos geladas
e teu hálito de rosas

as palmas alvoroçadas
acenando contra o vento
da tarde o vasto silêncio
teciam a cada assobio
a melopeia do tempo

no chão de areia gravado
meu poema era um navio
de amarras soltas no mundo
à procura da ventura
de navegar outros rios

caía uma chuva fina
de frágeis cristais de luz
e buritis amarelos