Pedro Lucas Lindoso
Recentemente, estive no Sudeste. A conversa de boteco, entre
amigos de lá, girava em torno da atual novela das oito, da Globo. O assunto era
a formosa Isis Valverde no papel de uma sereia amazônica. Há outras personagens
de nossa região, inclusive a Fafá de Belém, única legítima paraense. Já
descaracterizada, é verdade, em razão de ser figura global e internacionalmente
conhecida.
Perguntaram se as moças daqui eram belas como a Ritinha da
novela. Eu disse que sim. Aqui há belas moças de olhos sedutores e corpo de
sereia, de longos cabelos negros e lisos. São as nossas cunhãs porangas.
Sempre perguntam sobre o calor amazônico. Eu lhes disse que
nessa época de vazante, em que as águas dos rios baixam, as praias são bastante
convidativas. Há o feriadão de setembro com a elevação do Amazonas à Província
embolado com o feriado da Independência. Ótima oportunidade para ficar de
bubuia numa praia do rio Negro.
Logo veio a pergunta sobre o significado de bubuia. Ora,
bubuiar todo amazonense sabe – é ficar boiando, flutuando no rio. Aí veio a
primeira provocação.
– Dejetos também ficam de bubuia? Claro que não, respondi.
Dejetos ficam no remanso. Às vezes girando. Não afundam nem vão para frente.
Candiru não come. Ficam ali na água, de leseira, como algumas pessoas. De fato,
alguns lesos vivem como dejetos no remanso. Eu conheço alguns, inclusive aqui,
do Sul maravilha.
Mas ficar de bubuia é prerrogativa de humanos, na minha
concepção.
Finalmente me perguntaram sobre o uso da palavra égua. Eu vi
alguns personagens da novela usando a expressão. Achei forçado. Fora de
contexto. Em especial pelo tal de Zeca, primeiro namorado da Ritinha.
Mas e aí, o que significa égua? Insistiram.
Eu lhes disse que certa vez perguntei a um mineiro o
significado da palavra UAI. E havia dois mineiros na conversa. A resposta que
tive foi:
– Uai é uai, uai!
Risada geral.
Égua é égua, égua!