Amigos do Fingidor

terça-feira, 31 de outubro de 2017

São João Batista


Pedro Lucas Lindoso


Esta semana se comemora o dia de finados. Aqui em Manaus, o “chique” é ser enterrado no Cemitério São João Batista. Dizem que o do Tarumã é longe. Há outras cidades com cemitérios em honra a São João. Pelo que sei, no Rio de Janeiro, Fortaleza, Aracaju e até em Juazeiro do Norte-CE são cidades em que São João é reverenciado em cemitérios.
O Cemitério São João Batista no Rio de Janeiro conta com um excelente acervo de arte tumular, estátuas e outras obras de artistas renomados. O nosso aqui em Manaus também têm esculturas de grande valor artístico e arquitetônico. Todavia, há jazigos em que o bom senso foi esquecido ou morreu junto com o homenageado.
João Batista é um dos santos mais retratados e reverenciados na arte cristã. Ele se alimentava de gafanhotos e mel silvestre. Apresenta-se em veste de pele de camelo e um cinto. Está quase sempre junto a um cordeiro, imagem que evoca Jesus, o Cordeiro de Deus.
João, cujo nome significa “Deus é misericórdia”, é o último profeta do Antigo Testamento. A Igreja o homenageia tanto no dia do seu martírio, em 29 de agosto, quanto no do nascimento, em 24 de junho. É também patrono dos maçons.
Quando levo pessoas para conhecer a Catedral de Brasília, marco arquitetônico magnífico de Niemeyer, sempre me perguntam: Por que a imagem de João está só, à direita de quem entra no templo? Do outro lado ficam os outros três evangelistas: Mateus, Marcos e Lucas. Estes três evangelhos são chamados de sinóticos, pois tem muitas semelhanças entre si e podem ser comparados em seus textos. Já o de João foi escrito para a comunidade dos gentios, na Ásia Menor. É o único que não é sinótico.
Aqui em Manaus a pergunta que não quer calar entre os passantes pelo pórtico do Cemitério São João Batista é: o que significa mesmo LABORUM META?
A explicação dada por meu pai era que ali se terminavam os trabalhos. Ele então meditava sobre quão efêmera, passageira, transitória é nossa existência. E tudo termina. É o fim dos trabalhos.
O trabalho só não termina para Carlinhos Zona Leste. Todo ano ele fatura uma grana extra no dia de finados. Vende água, cerveja e refrigerante nos arredores do São João Batista. E explica:
– Vela e flores são importantes para os mortos. Os vivos precisam de algo para aliviar a sede. Faz muito calor nessa época aqui em Manaus.