João Bosco Botelho
Os registros arqueológicos mostram-se suficientes para
estabelecer algumas relações concretas da ação curadora na pré-história.
É provável que grande parte da atenção das comunidades
pré-históricas permanecesse na busca da sobrevivência cotidiana e na explicação
dos fenômenos naturais. As relações vida-morte e saúde-doença deveriam estar
entre elas, já que interferiam na segurança pessoal e coletiva. Esses fatos
poderiam ter provocado a especialização de alguns membros.
As ações para curar a dor e impedir a morte imediata, na
pré-história, compreendem as ações dos ancestrais para aumentar os limites da
vida e empurrar a inexorabilidade da morte, muitos milhares de anos antes da
escrita.
Alguns fósseis neandertalenses, em torno de 30.000 anos, no
Pleistoceno superior, evidenciam traços de amputações dos membros.
As análises desses registros fornecem indícios à compreensão
de algumas ações curadoras do homem pré-histórico. Sem dúvida, os ancestrais
sofreram de algumas doenças semelhantes às da atualidade. A tuberculose óssea
na coluna vertebral, encontrada hoje no Brasil, está documentada no esqueleto
do período Neolítico, em torno de 10.000.
Ainda mais fascinante, o fêmur de Homo Erectus, com mais de
200.000 anos, com tumor ósseo medindo quatro centímetros de diâmetro.