Amigos do Fingidor

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Mentira e fraude acadêmica 2/2


João Bosco Botelho


Nos países, onde a mentira acadêmica é insuportável, as autoridades públicas fazem questão de mostrar ao mundo que, sob nenhuma circunstância, compactuam com a fraude dentro ou fora dos muros universitários.
Na dissertação de mestrado, na Universidade de Uberaba, em 2012, “Fraude acadêmica: uma análise ético-legislativa”, a Profa. François Silva Ramos estabeleceu o conceito: “O termo fraude, no Direito Tributário, deriva do latim fraus, fraudis, que significa engano, má-fé, logro. A terminologia serve, portanto, para caracterizar o engano malicioso ou a ação astuciosa, que, é importante registrar, ocorre de má-fé, para permitir o ocultamento da verdade ou a fuga ao cumprimento da obrigação”.
A amplitude da fraude acadêmica é muito extensa e diversificada: divulgação de mentira em relação a qualquer atividade dentro ou fora do muro universitário, não só do conteúdo, mas também do local onde ocorreu o evento.
A professora-doutora Lívia Haygert Pithan, da PUC-RS, e a acadêmica de Direito Tatiane Regina Amando Vidal, publicaram na revista Direito & Justiça, em 2013, o trabalho “O plágio acadêmico como um problema ético, jurídico e pedagógico”. Nesse texto, as autoras acordam que existem na Lei de Direitos Autorais instrumentos para fiscalizar e punir os fraudadores: toda citação importa, obrigatoriamente, a indicação de autoria e local da publicação das obras citadas.
A desobediência dessa âncora ética na construção do trabalho acadêmico resultou na cassação dos doutorados, acima referidos, em diferentes países.
As universidades no mundo abominam a mentira, o plágio, enfim, a fraude acadêmica!
Entre as mais importantes nessa resistência é a antiga Sorbonne. A belíssima universidade, situada no Quartier Latin, tem o nome em memória ao teólogo Roberto de Sorbon, fundador do Colégio Sorbonne, em 1257. Após a reforma universitária, de 1970, parte da resposta governamental às revoltas estudantis, em maio de 1968, a Sorbonne foi dividida em treze universidades autônomas. Quatro delas mantém o nome Sorbonne: Paris I (Panthéon Sorbonne), Paris III (Sorbonne Nouvelle), Paris IV (Paris Sorbonne) e Paris V (Paris Descartes).
Oferecer notícias mentirosas à mídia acerca da própria produção acadêmica ou não desmenti-las, quando publicadas equivocadamente, é igualmente grave fraude acadêmica e atenta mortalmente contra a estrutura que moldou as universidades no mundo.
Desde os primeiros núcleos do ensino universitário, no século 11, na França e na Itália, os professores e os administradores nunca fecharam os olhos à mentira.
Em verdade, a universidade abomina a fraude!