Amigos do Fingidor

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Papo de Papai Noel


Pedro Lucas Lindoso


O Natal passou. Tomo um taxi e o taxista me surpreende ao dizer:
– Sua netinha é muito bonitinha e simpática. O senhor não me reconheceu. Eu estava de Papai Noel.
Eu também tenho uma fantasia de Noel. Foi usada algumas poucas vezes em eventos de família e em festas de fim de ano entre colegas de trabalho. Todo gordinho é sondado para ser Papai Noel e rei Momo. Minha experiência ficou restrita ao Natal. E até me diverti nas poucas vezes que fiz o papel.
Neste ano, considerei a possibilidade de vestir-me novamente. O objetivo era agradar a minha netinha Maria Luísa. Ocorre que o taxista não foi o único papai Noel ao qual ela foi apresentada.
Maria Luísa é muito viva e esperta. A família começou a achar que ela notou que um papai Noel era diferente de outro. O do shopping A era diferente do shopping B, que era mais gordo do que o da festa do bairro.
Caso ela me reconhecesse, poderia ficar confusa. Eu sou o vovô Pedro. Não quero concorrência com o papai Noel. A ideia foi abortada. Eu fui somente o vovô mesmo, de quem ela recebeu presentes.
Relatei isso ao taxista. Ele me contou que uma criança veio perguntar-lhe se ele existia mesmo. O garotinho, de uns sete anos, argumentou que seu irmão mais velho havia dito que papai Noel não existe. Mas que seus pais continuavam afirmando que Papai Noel existe, sim.
– Afinal, contou-me o taxista Papai Noel, o curumim queria saber se eu era de mentira ou de verdade. Eu lhe disse que existia, sim. Afinal ele estava falando comigo! Perguntei-lhe o que ele queria ganhar de presente. No que o garoto respondeu:
– Então você não leu minha cartinha! Eu vou repetir: Eu quero um iphone novo, viu? Espero que o senhor seja de verdade e traga meu presente.
Eu ri muito da história. Será que o menino ganhou o iphone?
O Papai Noel taxista acredita que sim. Ele já usava um iphone. Por sinal bem moderno.
E complementou:
– Nesse mesmo dia eu ouvi no Jornal Bom Dia, Brasil que crianças do sertão nordestino pediram água potável do Papai Noel.
Crianças de Brasis diferentes, com necessidades e desejos tão diferentes!